sábado, 11 de julho de 2015

AMALIA RODRIGUES




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Fadista e atriz, Amália da Piedade Rodrigues nasceu em Lisboa, a 23 de julho de 1920, e faleceu, na mesma cidade, a 6 de outubro de 1999. Filha de beirões radicados na capital, foi deixada ao cuidado dos avós maternos quando os pais regressaram à Beira Baixa. Tendo tido, ainda muito nova, várias ocupações - desde bordadeira até empregada de balcão -, cantou pela primeira vez em público em 1935, numa festa de beneficência, acompanhada por um tio.Ainda como fadista amadora chegou a usar o nome de Amália Rebordão, apelido que aproveitou de um dos seus irmãos, na altura um pugilista relativamente conhecido. Como profissional, estreou-se em 1939 no Retiro da Severa. Logo no ano seguinte atuou em Madrid, dando início a uma carreira nacional e internacional jamais igualada por qualquer outro artista português. Ainda em 1940, estreou-se como atriz no palco do Teatro Maria Vitória, como atração convidada, na revista Ora Vai Tu!, seguindo-se, nos anos seguintes, muitas outras participações em peças revisteiras (Espera de Toiros, Essa é que é Essa, Boa Nova, entre outras), operetas (Rosa Cantadeira, A Senhora da Atalaia e Mouraria, por exemplo) e teatro declamado (A Severa, 1955). Em 1944, viajou pela primeira vez para o Brasil onde o sucesso obtido foi tão grande que acabaria por lá permanecer mais tempo do que o previsto e por lá voltar muitas mais vezes. 

Capas Negras, um dos maiores êxitos de sempre no cinema português, realizado em 1946 por Armando de Miranda, viria a ser a rampa de lançamento de Amália na sétima arte. Outros filmes se seguiriam como Fado - História de Uma Cantadeira, 1947; Sol e Toiros, 1949; Os Amantes do Tejo, 1954; Sangue Toureiro, 1958; As Ilhas Encantadas, 1964; e Fado Corrido, 1964.
Cantou pela primeira vez no Olympia de Paris, em 1956, numa festa de despedida de Josephine Baker, mas só no ano seguinte atuaria nesse palco como artista principal e absoluta.
A sua voz poderosa e expressiva fez-se ouvir e aplaudir em quase todo o Mundo. Amália Rodrigues tornou-se a grande divulgadora do fado além-fronteiras e é reconhecida como a maior intérprete da já longa tradição desse tipo de música.
Tendo gravado pela primeira vez em Portugal para a editora Melodia, seria a Valentim de Carvalho que, a partir de 1952, ficaria estreitamente ligada à discografia da cantora. Entre os seus fados de maior êxito encontram-se "O fado do ciúme", "Estranha forma de vida", "Povo que lavas no rio", "Lavava no rio, lavava", "Lágrima", "Ai, Mouraria", "Fado português", "Barco negro", "Casa portuguesa", "Vou dar de beber à dor", "Meia-Noite", "Casa da Mariquinhas", "Uma guitarra", "Erros meus" e "Foi Deus". Muitos dos seus fados contaram com o trabalho de excelentes letristas, entre os quais alguns dos mais destacados poetas portugueses contemporâneos, como José Régio, David Mourão-Ferreira, Alexandre O'Neill, Ary dos Santos, Manuel Alegre e José Afonso.Foram inúmeros os concertos que deu ao longo de toda a sua vida artística e foram também várias as situações em que foi venerada, como as que aconteceram no grande espetáculo de homenagem do Coliseu dos Recreios de Lisboa, onde recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e Espada (1990); na cerimónia em que François Miterrand, Presidente da República de França, lhe concedeu a Legião de Honra (1991); e no espetáculo da Gare Marítima de Alcântara, exibido em direto pela Radiotelevisão Portuguesa (1995). A RTP transmitiu também, em 1995, a série documental "Amália - Uma Estranha Forma de Vida", de Bruno de Almeida, que incluía imagens de arquivo, muitas delas inéditas.
Amália Rodrigues atuou em público pela última vez no Coliseu dos Recreios, num espetáculo integrado na programação de "Lisboa 94 - Capital Europeia da Cultura". Pouco antes da sua morte, Segredo - um álbum editado pela EMI-VC, em 1997, com um conjunto de gravações inéditas da fadista realizadas entre 1965 e 1975 - foi galardoado com um disco de platina.
A 8 de julho de 2001, numa última homenagem prestada a Amália Rodrigues, o seu corpo foi trasladado para a Sala dos Escritores (agora Sala da Língua Portuguesa), no Panteão Nacional.

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